Os brasileiros querem a digitalização!

Os brasileiros querem a digitalização!

09/05/2022 | Giovanna Cavalli

Hoje em dia, o conceito de digitalização não se limita mais ao chão de fábrica. Existe uma oferta crescente de soluções para o trabalho nos escritórios, atendimento ao público e outros processos burocráticos. Ou seja, a automatização também pode melhorar as pendências a serem resolvidas em horas e até dias em cartórios. 

Os brasileiros querem mais facilidade 

A pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec - antigo Ibope), encomendada pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), revelou dados inéditos sobre a percepção dos brasileiros em relação a esse tipo de serviço. Segundo os resultados do estudo, 76% dos entrevistados são a favor da automação dos cartórios para permitirem ao cidadão a prestação por meio da internet. 

Ainda, do total, 61% são a favor, com a condição de não haver aumento de custos e 14%, mesmo pagando um pouco a mais. Entre os 63% dos ouvidos os quais precisaram utilizar os cartórios nos últimos anos, o resultado é ainda maior, com mais de 80% sendo apoiadores de tal mecanização.

“Eles existem há mais de 450 anos no Brasil. Apesar de antigo, é uma atividade essencial para a população, mas não está acompanhando a evolução da sociedade. Esses empecilhos causam um preconceito em relação à burocracia, afinal além de demorado, é caro, ineficiente e pouco acessível”, explica a diretora executiva do MBC, Tatiana Ribeiro. Ou seja, deixou de ser uma facilidade para se tornar um atraso na vida de muita gente.

Simplificação e agilidade

Então, assim como todo o mercado tem se adaptado, é necessário mudar também essa realidade e tornar esse ofício simples, rápido e moderno, segundo a dirigente. Nesse sentido, a Medida Provisória (MP) 1.085/2021, publicada em dezembro de 2021, instituiu o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (Serp), a plataforma digital para unificar títulos dos mais de dez mil cartórios do país.

Inclusive, com essa MP, a questão de informações sobre imóveis e documentos civis de pessoas naturais e jurídicas podem ser tratadas virtualmente. Logo, aumenta a praticidade e a agilidade para os cidadãos, tudo com segurança e preservação dos dados. Para a gerente comercial da Assine Bem, Paula Sino, esse artifício chegou em boa hora e é uma forma de otimizar a vida do povo. “Já tínhamos meio caminho andado com as assinaturas e certificados digitais sem a necessidade do deslocamento e filas. Todavia, com essa alternativa virtual, os procedimentos ficam ainda mais velozes, pois as pessoas podem fazê-lo via um dispositivo móvel”, afirma.

Boa parte do lucro de uma companhia é gasto em papel, impressão e depósito de escritos. Algumas investem ainda nos tais cartórios, motoboys ou Correios. Para conter recursos e evitar desperdício ambiental, providências como essa surgem como opções viáveis. Assim, todos esses custos são diminuídos em até 70%. 

Além disso, é um caminho para potencializar a sustentabilidade e uma cultura organizacional mais consciente. “O apoio da tecnologia já se mostrou capaz de poupar recursos naturais. Sobretudo, por trás de aderir às inovações, existe conversão de costumes, quebra de paradigmas e rotinas. Assim, esse passo torna a sociedade elemento dessa evolução”, descreve a gerente.

Sempre há como melhorar

De acordo com o levantamento, 65% de quem precisou usar o estabelecimento, nos últimos cinco anos, se viram em alguma situação a qual poderia ser melhorada. Muitas filas, taxas altas e a demora na execução são os principais pontos de reclamações, com 29%, 26% e 21%, respectivamente. Apenas três em cada dez sujeitos não veem problemas atualmente.

“Muitas vezes quando as pessoas vão utilizar esses serviços, estão passando por situações de mudança na vida, seja um óbito, casamento, nascimento, compra de um bem de alto custo (imóveis, automóveis e outros). Então, realizar esses praxes não deveria ser um momento difícil, mas um sistema simples”, comenta Tatiana. Consoante a ela, em um contexto de transformação digital acelerada, tal inovação deve viabilizar o atendimento remoto de todos os usuários, inclusive, para recepção, armazenamento e envio de arquivos e certidões.

Os serviços públicos também precisam acompanhar a inovação tecnológica

O Brasil tem ao todo 13.440 dessas entidades no território nacional. Em conjunto, as diversas modalidades tiveram uma arrecadação total de R$ 23,4 bilhões em 2021, valor 34% superior em relação a 2020, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Já o rendimento médio mensal de oficiais foi superior a R$ 100.000,00 em 2019, segundo o G1, com base em dados do imposto de renda. Logo, é a ocupação mais rentável do país.

“A modernização seria um movimento revolucionário à nação. Essa mudança geraria alterações significativas, tornando mais rápido e conectado. Imagine estar em São Paulo e conseguir uma informação de registro do interior do Ceará, sem ter de se deslocar para o local, sem mesmo a certeza da existência do documento. Por isso, a MP- a qual tem o objetivo da integração digital, desburocratização e diminuição dos custos dos serviços - precisa ser pautada e votada antes de perder a validade e ficarmos presos no século XX”, alerta a diretora executiva do MBC. Portanto, é um fato importante a ser acompanhado.

Veja só: atualmente, as igrejas ainda são detentoras de muitas certidões de batismo, casamento, entre outros. Nos últimos anos, no entanto, com o aumento de cidadanias italianas, espanholas e portuguesas, muito trabalho tem sido feito para buscar esses impressos com validação legal nos próprios templos. Imagine toda essa base on-line para consulta como não facilitaria a vida de todos os envolvidos, concorda?

Portanto, mais uma vez, o objetivo é deixar as operações públicas mais descomplicadas para a população. Afinal, é crucial encaixar a high tech onde se potencializa a inteligência humana para não prejudicar a boa disposição física, mental e social dos indivíduos. Tudo precisa acompanhar as inovações, inclusive, os órgãos coletivos.

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